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Nutricionista Clínica da Mulher

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Bianca Oliveira

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Nutricionista Clínica

Como deve ser a Dieta na Gordura no Fígado

Publicado em: 26/04/2023 03:50:12

O que é, quais as Causas e Como deve ser a Dieta na Esteatose Hepática não Alcoólica, mais conhecida como Gordura no Fígado.

 

Antes de mais nada, você precisa entender o que é a Esteatose Hepática, o que provoca o acúmulo de gordura no fígado e quais são os fatores de risco, principalmente você que acabou de ter o diagnóstico e não sabe por onde começar a se alimentar melhor e a melhorar os seus hábitos de vida.

 


  1. INTRODUÇÃO
  2. FATORES DE RISCO
  3. CAUSA
  4. TIPOS E ESTÁGIOS DA DOENÇA
  5. DIAGNÓSTICO
  6. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
  7. PERDA DE PESO E EXERCÍCIOS FÍSICOS
  8. TRATAMENTO DIETÉTICO
  9. SUPLEMENTAÇÃO
  10. QUANDO SE PREOCUPAR COM A GORDURA NO FÍGADO

INTRODUÇÃO

 

A esteatose afeta principalmente pessoas com Sobrepeso e Obesidade (75-80%), e já é considerada uma epidemia mundial por afetar cerca de 20 a 30% da população mesmo sem essas condições.

 

No Brasil, passa de 50% a quantidade de pessoas com sobrepeso, e de 19% com obesidade (VIGITEL, 2022). Esses dados colaboram para uma projeção preocupante da quantidade de pessoas nos próximos anos que podem apresentar o acúmulo de gordura no fígado com maior facilidade.

 

Primeiro entenda que. O Fígado é um órgão extremamente importante para a manutenção da saúde, pois entre as suas funções, possui a capacidade de produzir, metabolizar e de armazenar vitaminas (A, B12, D). Além disso, é ele que faz a desintoxicação natural do organismo (elimina toxinas e substâncias em excesso do corpo pela urina), e é também o principal órgão a fazer a biossíntese de Ácidos Graxos (AG) e a realizar a Beta-oxidação (queima de gordura). Dessa forma, qualquer perturbação que interfira em um desses mecanismos pode prejudicar a função deste órgão e impactar no estado nutricional do indivíduo.

 

Devido a última função mencionada, quando algum fator relacionado a síntese dos AG, ou relacionados a sua metabolização, falham, pode ocorrer o acúmulo deles no citoplasma dos hepatócitos (célula do fígado), onde serão armazenados sob a forma de Triglicerídeos (gordura). 

 

Esse acúmulo de Triglicerídeos em mais de 5% das células do fígado já é considerado Esteatose Hepática.

 

A esteatose hepática não alcoólica está dentro das Doenças Hepáticas Gordurosas Não Alcoólicas (DHGNA), e pode, se não for tratada, apresentar inflamação, nesses casos, se tem a Esteato-Hepatite.


 

FATORES DE RISCO

 

Entre os fatores de risco para a DHGNA, encontram-se:

 

PRIMÁRIOS

. Sobrepeso (IMC > 25 Kg/m2);

. Obesidade grau I, II, III (IMC >30 Kg/m2, <39,9 Kg/m2, >40 Kg/m2 respectivamente);

. Diabetes Mellitus Tipo II;

. Sedentarismo;

. Excesso de Calorias consumidas;

. Síndrome dos Ovários Policisticos;

. Síndrome Metabólica;

. Dislipidemia (colesterol, triglicerídeos, LDL elevados);

. Hipertireoidismo.

 

SECUNDÁRIAS

. Uso de Hormônios Anabolizantes Androgênicos;

. Uso prolongado de Corticóides;

. Uso prolongado de Anti-inflamatórios;

. Toxinas ambientais/ produtos químicos.


 

CAUSA

A DHGNA é uma condição poligênica e multifatorial, isso significa que além da genética, o fator ambiental também age na etiologia (causa) da doença. A DHGNA está presente em quase todos os indivíduos com Síndrome Metabólica.

 

Entre os fatores ambientes envolvidos, a Dieta desequilibrada e o Sedentarismo ganham força, uma vez que favorecem o surgimento da Resistência a Insulina (RI), que de acordo com a Teoria dos Multiplos hits é a causadora do acúmulo inicial de Ácidos Graxos (AG) no fígado. Dessa forma, ela irá favorecer a Lipogênese (síntese de AG) e Dificultar a Lipólise (queima de AG), já que a Insulina (hormônico catabolizante) não irá agir com eficiência nas células do fígado, o que irá provocar o armazenamento excessivo dos AG em forma de gordura.

 

O aumento do armazenamento de AG irá favorecer o aumento do estresse oxidativo do órgão, devido a maior produção de Espécies Reativas de Oxigênio (EROS) e da Peroxidação Lipídica. Com isso, a Beta- oxidação ficará prejudicada, dificultando mais ainda a queima de gordura e melhora do quadro.

 

Todas essas reações são provocadas pela RI, de acordo com a teoria dos Multiplos Hits, cuja é mais frequentemente encontrada entre pessoas com sobrepeso, obesidade e/ou obesidade central, que por sua vez, a maior parcela apresenta alimentação desequilibrada e sedentarismo que são mantidos pela baixa prontidão para a mudança no estilo de vida , tornando o tratamento da Esteatose Hepática mais complexo, de difícil controle, e diagnóstico tardio.


 

TIPOS E ESTÁGIOS

 

A esteatose hepática está dentro das Doenças Hepáticas Gordurosas que podem ser Alcoólicas ou Não Alcoólicas. A esteatose hepática não alcoólica é causada principalmente por fatores ambientais como a má alimentação e a falta de exercícios físicos. E para que haja o diagnóstico correto o consumo de álcool precisa ser avaliado, precisando estar superior a 140g/semana e a 70g/semana entre homens e mulheres respectivamente para ser considerado esteatose hepática alcoólica. Outras doenças hepáticas como Hepatite C, Hepatite B e Carcinoma Hepatocelular (CHC) também precisam ser descartadas.

 

Dependendo da quantidade de células atingidas se tem o estadiamento da doença, que pode variar em esteatose grau I, II, III, IV, Fibrose e Cirrose Hepática.

Quando há a inflamação das células além do depósito de gordura se tem a Esteato-Hepatite, que é o principal fator de risco para a Fibrose (perda da função) e Cirrose Hepática, que por sua vez, é fator de risco para o Carcinoma Hepatocelular (CHC). 


 

DIAGNÓSTICO

 

A maior parte dos diagnósticos de DHGNA ocorrem durante a investigação de outras condições onde a Ultrassonografia abdominal é necessária.

 

A DHGNA não causa sintomas específicos, dessa forma, o rastreamento e diagnóstico primário só são indicados quando a paciente apresentar um dos fatores de risco mencionados acima.

 

A biópsia ainda é considerada o Padrão Ouro para o diagnóstico da DHGNA, já que a US abdominal não é capaz de identificar entre o tipo de Esteatose presente e CHC, apesar de ser sensível o suficiente para detectar o acúmulo de gordura no órgão em questão.

 

Além dos métodos mencionados, a ressonância magnética, tomografia computadorizada e a espectroscopia por ressonância magnética podem auxiliar na avaliação.


 

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

 

O tratamento medicamentoso é feito por Médica(o) a partir do diagnóstico de DHGNA, e a ação do medicamento pode variar desde provocar a menor absorção de gordura, até melhorar a eficiência da célula hepática, como também, agindo em condições associadas (resistência a insulina, dislipidemia, hipertensão).

 

Leia sobre quais são os Medicamentos Recomendados sob prescrição médica na DHGNA.


 

PERDA DE PESO E EXERCÍCIOS FÍSICOS

De modo geral, a perda de peso variando entre 3 a 5% na DHGNA e superior a 10% em casos de Esteato-Hepatite, já traz benefícios clínicos como a melhora da inflamação e diminuição dos depósitos de gordura no fígado (BRASIL, 2016).

 

São recomendados 150 minutos por semana de exercícios físicos aeróbicos e de resistência (BRASIL, 2016).


 

TRATAMENTO DIETÉTICO

 

A dieta do mediterrâneo é o padrão alimentar indicado no tratamento dietético para a DHGNA, e segue as seguintes recomendações.

 

CALORIAS E CARBOIDRATOS

As diretrizes mostram que uma dieta hipocalórica já pode trazer melhoras clínicas, assim como uma dieta com menor disposição de Carboidratos simples, não precisando utilizar as duas simultaneamente. Para saber quais são os alimentos fontes de carboidratos simples consulte a Tabela 1.

 

Os carboidratos complexos, que são as fibras, (tabela 1) provocam a melhora da função intestinal e no perfil lipídico devido a produção de Ácidos Graxos de Cadeia Cruta pelas fibras solúveis, logo, na função do fígado. As fibras insulúveis auxiliam no trânsito intestinal.

 

Tabela 1

Fontes de Carboidratos simples Fontes de Carboidratos complexos
Açúcar Branco Aveia
Açúcar Demerara Semente de Chia
Açúcar Mascavo Semente deLinhaça
Mel de Abelha Semente de Girassol
Xarope de Milho Semente de Abóbora
Refrigerantes Gergelim
Sucos em pó Mamão
Fast foods Manga
Bolachas Banana
Ketchup Maçã com casca
Biscoitos rechados Alface
Barras e Bombons de chocolate Couve
Produtos de panificação Ora pro-nóbis
Guloseimas Jambú
Sorvetes Chicória
Achocolatados Coentro

 

PROTEÍNA

 

O menor consumo de carne vermelha também está associado ao melhor prognóstico da doença, de no máximo 2x/semana. Dependendo do estágio da doença, a carne vermelha pode ser excluida da dieta devido ao alto teor de gordura saturada e potencial inflamatório do alimento.

 

GORDURA

 

Nessa condição, se faz necessário diminuir o consumo de alimentos fonte de gordura saturada e gordura trans. Consulte a Tabela 2.

 

É importante preferir alimentos com menor teor de gordura como os Lights (redução de até 5%) e Diets (redução de até 20%).

 

Tabela 2

Alimentos fonte de gordura saturada
Ultraprocessados no geral
Carnes enlatadas
Salsichas
Linguiças
Presuntos
Peito de Peru
Salame
Manteiga
Óleo de coco
Hambúrguer
Pizza
Batata frita
Salgadinhos de pacote
Frituras no geral
Batata chips de pacote
Sorvetes

 

GORDURA POLIINSATURADA

 

O consumo diário de alimentos fonte de gordura poliinsaturada também é indicado na esteatose, uma vez que, auxiliam na melhora do perfil de gordura do sangue.

 

Algumas fontes são: azeite de oliva extravirgem, oléo de soja/canola/girassol, semente de linhaça dourada, semente de abóbora, abacate, sardinha.

 

FRUTOSE

 

O consumo excessivo de frutose de adição pode piorar o prognóstico da doença e favorecer a fibrose e cirrose hepática pois pode provocar piora no quadro de inflamação.

 

É importante ressaltar que quando falamos do consumo de frutose de adição não estamos falando sobre a frutose presente nas frutas, e sim, dos alimentos ultraprocessados como refrigerantes adoçados com frutose e como os da Tabela 1 e 2.

 

CAFÉ

De acordo com a Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN, 2020), até 4 xícaras de café por dia pode trazer benefícios, sobretudo, entre pessoas com Doença hepática crônica. 

 

Ressaltando que, quando falam “café” não estão falando da ação da “cafeína”, que é um dos vários componentes dessa bebida, que inclui antioxidantes e outros compostos bioativos com ações importantes para a saúde.


 

SUPLEMENTAÇÃO

 

Apenas a vitamina E tem comprovação científica dos seus benefícios e é indicada para o tratamento da Esteato-Hepatite não alcoólica.

 

No entanto, outros suplementos como o Ômega-3, podem ser utilizados para melhorar os sintomas de outras condições associadas (diabetes, obesidade, hipertrigliceridemia, SOP, resistência a insulina) refletindo positivamente no quadro de gordura no fígado.

 

Consulte Nutricionista ao Médica para saber as dosagens adequadas para cada caso.


 

QUANDO SE PREOCUPAR COM A GORDURA NO FÍGADO

 

Como você pôde ler, a causa e o tratamento da DHGNA são complexos e envolvem vários fatores que podem facilitar a sua progressão rapidamente. Dessa forma, iniciar o tratamento nos primeiros graus da doença é de extrema importância para evitar a evolução para a Fibrose, Cirrose e até mesmo para o Carcinoma Hepatocelular.


 

Este artigo possui caráter informativo, não substituindo diagnóstico ou acompanhamento de Médica e Nutricionista.

 

Tire as suas Dúvidas e Agende uma consulta.

 

Bianca Oliveira – CRN7 13537

Nutricionista pela Universidade Federal do Pará- UFPA

Especializada em Nutrição Clínica pelo Centro de Ensino Superior do Pará- CESUPA.


 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica Consenso da Sociedade Brasileira de Hepatologia. Sociedade Brasileira de Hepatologia. 2016. DOI: 10.1590/S0004-28032016000200013. 

 

BRASIL. Protocolo de Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica. Protocolo da divisão de Gatroenterologia/Hepatologia. Universidade de São Paulo. 2016.

 

BRASIL. Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. Ministério da Saúde. Brasília-DF, 2022.

 

Stephan C. Bischoff a, William Bernal b, Srinivasan Dasarathy c, Manuela Merli d, Lindsay D. Plank e, Tatjana Schütz f, Mathias Plauth g. ESPEN practical guideline: Clinical nutrition in liver disease. European Society for Clinical Nutrition and Metabolism. Published by Elsevier Ltd. All rights reserved. 0261-5614/© 2020. https://doi.org/10.1016/j.clnu.2020.09.001.

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