frutas
frutas
Logo - Nutricionista Bianca Oliveira da Silva

Blog da Nutri Bianca

Nutricionista Clínica da Mulher

Blog da Nutri Bianca

Nutricionista Clínica da Mulher

post
Bianca Oliveira

Bianca Oliveira

Nutricionista Clínica

Como deve ser a Dieta na Síndrome dos Ovários Policísticos

Publicado em: 24/05/2023 18:20:48

Como deve ser a Dieta na Síndrome dos Ovários Policísticos?

 

  1. O QUE É
  2. COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO
  3. SINAIS E SINTOMAS
  4. QUAL É O TRATAMENTO DE PRIMEIRA LINHA?
  5. QUAIS SÃO OS TRATAMENTOS MEDICAMENTOSOS?
  6. POR QUE A ALIMENTAÇÃO DEVE SER EQUILIBRADA?
  7. COMO DEVE SER A DIETA NA SOP?
  8. CONSUMO DE CARBOIDRATOS SIMPLES
  9. CONSUMO DE CARNE VERMELHA
  10. QUAIS CARBOIDRATOS PREFERIR
  11. EXERCÍCIOS FÍSICOS
  12. ORIENTAÇÕES

 

Hoje vou falar mais sobre como deve ser a dieta na Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e sobre a sua importância.

Antes de mais nada, você precisa saber o que de fato é a SOP para assim entender o porquê que você deve equilibrar a sua alimentação.

 

O QUE É

A SOP é uma condição crônica e endócrina, isso significa que hormônios estão envolvidos. Ela possui esse nome justamente por que as mulheres podem apresentar ovários policísticos em um ou ambos os ovários. Ainda não se sabe a real causa da SOP, mas acredita-se que o desequilíbrio hormonal pode surgir a partir da predisposição genética iniciando com a Resistência à Insulina (RI), hormônio que regula a glicemia sanguínea.

 

Com a RI instalada, os níveis de Testosterona sofrem alteração (aumento), o que dá começo ao processo de formação de cistos e às características clínicas da doença, como o crescimento abundante de pelos (hirsutismo), acne, alopecia androgênica e excesso de peso.

 

A resistência a insulina não é um critério diagnóstico, mas por estar associada a etiologia da SOP, o tratamento visa o controle desse hormônio que atua diretamente no equilíbrio da Testosterona e características clínicas da condição.

 


 

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO

 

Os critérios diagnóstico da SOP são baseados no consenso de Rotterdam, onde a mulher (> 18 anos) deve apresentar no mínimo dois dos três critérios para ter o diagnóstico fechado. São eles:

 

Critérios de Rotterdam

. Ovários policísticos (cistos nos ovários por US vaginal em adultas ou abdominal em adolescentes);

. Hiperandrogenismo (níveis elevados de testosterona por exames bioquímicos de sangue);

. Anovulação (ausência de ovulação/menstruação por 9 meses ou mais).

 

É importante ressaltar que segundo as Diretrizes clínicas de tratamento da SOP (clique aqui), o diagnóstico em adolescentes deve pontuar os três critérios e ainda ser confirmado após 8 anos desde a menarca (primeira menstruação). Isso porque o ciclo menstrual entre as adolescentes é naturalmente irregular, podendo ainda o ovário apresentar microcistos que não são classificados como SOP.

 

Existem 4 fenótipos (formas de apresentar a doença) de SOP:

. Fenótipo 1: hiperandrogenismo, anovulação, ovário policístico

. Fenótipo 2: anovulação e hiperandrogenismo

. Fenótipo 3: hiperandrogenismo e ovário policístico

. Fenótipo 4: anovulação e ovário policístico

 


SINAIS E SINTOMAS

Adolescentes e adultas podem apresentar sinais como o aumento do crescimento de pelos no corpo (hirsutismo), queda de cabelo com surgimento de alopécia androgênica (calvice feminina), e acne em excesso principalmente na região mandibular. Esses sinais são consequência do aumento da testosterona (hormônio masculino).

Sintomas como fadiga, indisposição, ganho de peso e aumento do apetite podem estar presentes devido ao quadro de resistência a insulina que muitas mulheres podem desenvolver.

 


 

QUAL É O TRATAMENTO DE PRIMEIRA LINHA (PRIMEIRA ESCOLHA)?

 

A Mudança de Hábitos de Vida (MEV) é a primeira estratégia a ser usada/recomendada.

 


 

QUAIS SÃO OS TRATAMENTOS MEDICAMENTOSOS?

Os tratamentos são iniciados a partir da suspeita ou diagnóstico feito por Ginecologista ou Endócrinologista.

 

Como a SOP não tem cura, os tratamentos medicamentosos visam o controle hormonal com o uso de Contraceptivos Hormonais Orais combinados (CHOC) e/ou Sensibilizadores de Insulina (metformina). Quando há ausência de resultados com o uso de CHOC e com a MEV, as diretrizes clínicas recomendam utilização de agentes Antiandrogênicos combinados ou não com Sensibilizadores de Insulina.

 


 

POR QUE A ALIMENTAÇÃO DEVE SER EQUILIBRADA?

 

Como você leu anteriormente, a Resistência a Insulina (RI) está presente, e como o explicado, ela pode aumentar os níveis de Testosterona e piorar a condição da paciente.

 

Sabendo que a Insulina é o hormônio responsável pela entrada da Glicose na Célula para que ela gere energia, quando há a resistência a insulina a glicose não consegue adentrar na célula e fica em circulação na corrente sanguínea. Isso aumenta as chances da paciente adquirir Diabetes Tipo II e Doença Cardiovascular.

 


 

COMO DEVE SER A DIETA NA SOP?

 

O padrão alimentar na SOP é baseado na Dieta do Mediterrâneo, onde:

 

. É rica em ácidos graxos poliinsaturados (azeite, semente de linhaça dourada, peixes, abacate, etc);

. Rica em antioxidantes (frutas, verduras e legumes);

. Pobre em carne vermelha;

. Pobre em gordura saturada (frituras, manteiga, carne vermelha, fast-foods);

. Leites e devirados magros (leite desnatado, queijo branco, produtos light e diets).

 


 

CONSUMO DE CARBOIDRATOS SIMPLES

 

Os carboidratos são um grupo de alimentos essenciais para a saúde, e são os principais responsáveis pela produção de energia no organismo por serem compostos por inúmeras moléculas de glicose. Pense comigo. Onde há RI e excesso de Carboidratos (glicose), existe uma glicemia elevada (excesso de açúcar no sangue). Isso é fator de risco para diabetes tipo II. Desta maneira, as pacientes com SOP possuem 3 a 4x mais chances de adquirirem diabetes tipo II.

 

Por isso a dieta, sobretudo, rica em Carboidratos simples (ver na Tabela 1), não deve existir.

 

Além disso, deve haver o equilíbrio na ingestão de gorduras e carnes vermelhas devido ao risco das pacientes desencadearem Doença Cardiovascular. 

 

Tabela 1:

Alimentos fonte de Carboidratos Simples

Açúcar branco

Salgadinhos de pacote

Açúcar demerara

Granola adoçada

Açúcar mascavo

Ketchup

Xarope de milho

Biscoitos recheados

Mel

Cereais matinais adoçados

Achocolatado

Sorvetes tradicionais

Sucos de pacote em pó

Doces

Sucos de garrafa

Chocolate em barra tradicional

Refrigerantes

Frutas em conservas

Bolos tradicionais

Geleias tradicionais

Produtos de panificação

Iogurtes com sabor (ler rótulo)

Fast-foods

Gelatinas com sabor (ler rótulo)

Guloseimas

Cana de açúcar

É importante você saber que o açúcar mascavo e demerara contém calorias semelhantes as do açúcar branco e a mesma capacidade de aumentar a glicemia sanguínea, mudando apenas por serem menos refinados e por continuarem a manter alguns minerais.

 


 

CONSUMO DE CARNE VERMELHA

 

As carnes vermelhas e de porco apresentam perfil inflamatório por aumentarem a produção de Radicais Livres e Citocinas pró inflamatórias, piorando o quadro de inflamação, naturalmente presente na SOP.

 

A recomendação de ingestão de Carnes Vermelhas é de no máximo 2x/semana, em alguns casos, pode haver exclusão da dieta.


 

QUAIS CARBOIDRATOS PREFERIR

 

Os carboidratos não devem ser excluídos da dieta, mas sim, deve-se priorizar aqueles de melhor qualidade Nutricional.

 

Quando falamos de qualidade nutricional dos carboidratos, priorizamos os carboidratos complexos, que são aqueles que no processo de digestão, são mais difíceis de serem digeridos e serem transformados em glicose. A estrutura mulecular desses carboidratos (ligações ß 1-4) confere a eles uma maior resistência a digestão.

Geralmente, os carboidratos complexos possuem baixo índice Glicêmico (IG), que é a capacidade do alimento de aumentar a glicemia sanguínea após serem consumidos. Quanto maior é o IG, maior é essa capacidade e maior é a concentração de açúcar no sangue após o consumo. Como na SOP pode haver a resistência a insulina que provoca excesso de açúcar no sangue, se torna mais interessante consumir alimentos de baixo IG (ver na tabela 2).

 

 

Tabela 2:

Índice Glicêmico dos Alimentos

Baixo IG ≤ 55

Médio IG 56-69

Alto IG ≥ 70

Cereal matinal do tipo All Bran: 38

Arroz integral: 66

Arroz branco: 73 (consumir com fibras, até adequar o paladar e conseguir consumir o integral)

Chocolate ao leite: 55

Cuscuz de trigo: 65

Pipoca: 70

Espaguete integral: 38

Farinha de mandioca: 61

Bolacha de arroz: 87

Amido de milho: 50

Farinha de milho: 60

Cereal de milho tipo Corn Flakes: 88

Cevada: 30

Aveia em flocos: 60

Pão branco: 73

Muesli: 55

Pão de grãos: 53

Tapioca: 93

Frutose: 24

Panquecas caseiras: 66

Pão integral: 71

-

-

Refrigerante à base de cola: 77

-

-

 

 

Verduras e legumes

Baixo IG ≤ 55

Médio IG 56-69

Alto IG ≥ 70

Feijão: 23

Inhame cozido no vapor: 51

Purê de batata: 83 (consumir com fibras, adicionar aveia)

Tomate cru: 23

Batata doce cozida: 64

Batata cozida: 79

Cenoura crua ralada: 35

Beterraba: 64

-

Sopa de tomate: 38

-

-

Milho cozido: 52

-

-

Soja cozida: 20

-

-

Batata frita: 50

-

-

Abóbora cozida: 53

-

-

Aipim cozido: 54

-

 

 

Frutas

Baixo IG ≤ 55

Médio IG 56-69

Alto IG ≥ 70

Maçã: 44

Kiwi: 58

Melão: 70

Morango: 29

Abacaxi: 66

-

Laranja: 49

Uva: 58

-

Suco natural de maçã sem açúcar: 50

Cereja: 63

-

Suco de laranja: 44

Uvas passa: 56

-

Banana madura: 51

Pêssego: 57

-

Manga: 51

-

-

Melancia: 53

-

-

Pera: 37

-

-

Banana verde: 38

-

-

Ameixa fresca: 53

-

-

Mamão: 41

-

 

 

Oleaginosas (todas são de IG baixo)

 

Pistache: 28

Castanha de caju: 25

Amendoim: 23

     

 

Leite, derivados e bebidas alternativas (todos são de IG baixo)

Leite de soja: 21

Leite desnatado: 40

Iogurte natural: 36

Leite integral: 41

Leite fermentado: 58

Iogurte natural desnatado: 32

 


 

EXERCÍCIO FÍSICO

 

É recomendado cerca de 150 min por semana de exercícios físicos moderados, ou 75 min por semana de exercícios físicos intensos. Para adolescentes a recomendação da European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (2020) é a de que realizem 60min de atividade física diária.

 

Faça exercícios que você sinta prazer e que goste, comece aos poucos e evolua a intensidade gradativamente.

 


 

ORIENTAÇÕES

 

Como você viu, a mudança no estilo de vida é essencial para o controle da resistência a insulina e da testosterona em mulheres com SOP. Busque orientação profissional e inicie o seu tratamento para evitar complicações relacionadas ao risco Cardiovascular e de Diabetes Tipo II.

 

QUAIS PROFISSIONAIS BUSCAR

 

. Médica(o) ginecologista

. Médica(o) endócrinologista

. Nutricionista Clínica

. Educadora(o) física especializada

. Psicologa(o).

 


 

Este artigo possui caráter informativo não substituindo consulta com Nutricionista ou Médica.

 


 

Bianca Oliveira

Nutricionista pela Universidade Federal do Pará- UFPA

Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário do Pará- CESUPA

CRN7 13537/P.

 


 

Referências:

 

BRASIL. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas na Síndrome dos Ovários Policísticos. Ministério da Saúde. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/publicacoes_ms/pcdt_sndrome-ovrios-policsticos_isbn.pdf.

Helena Teede, et al. International evidence based guideline for the assessment and management of polycystic ovary syndrome. Copyright Monash University, Melbourne Australia 2018.

MAHAN, ESCOTT-STUMP, RAYMOND. Krause, Nutrição, Alimentos e Dietoterapia. Elsevier. Cap. 32, p. 1422-25. 2018.

 

 

 

 

Veja Também
nova-classificacao-da-obesidade
Nova Classificação da Obesidade

Uma nova proposta da OBESO e Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - SBEM para a classificação complementar da Obesidade, baseada na trajetória de perda de peso e o maior peso já atingido pela(o) paciente.

Bianca Oliveira

Nutricionista Clínica

06/02/2024


Outros assuntos

nova-classificacao-da-obesidade
Nova Classificação da Obesidade

Uma nova proposta da OBESO e Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - SBEM para a classificação complementar da Obesidade, baseada na trajetória de perda de peso e o maior peso já atingido pela(o) paciente.

Bianca Oliveira

Nutricionista Clínica

06/02/2024

carencia-de-ferro-entre-mulheres
Carência de Ferro entre Mulheres

Sabemos que as Mulheres em Idade fértil são grupo de risco para carência nutricional de Ferro. Um dos motivos é a alimentação inadequada e com baixa biodisponibilidade deste nutriente além da menstruação. Quer saber mais como evitar e tratar? Clique aqui!

Bianca Oliveira

Nutricionista Clínica

11/01/2024

desejos-sensoriais-especificos-ou-desejo-alimentar
Desejos Sensoriais Específicos, ou Desejo Alimentar

Os desejos alimentares são prevalentes em pessoas do sexo feminino, sobretudo, entre mulheres no período pré menstrual. Mas você, mulher, já deve ter percebido que esse desejo pode surgir em diversos outros momentos do mês sem ter relação nenhuma com a menstruação! não é?! E como controlar esses desejos quando eles surgirem?! Se você tem dificuldade nesse controle ou quer saber mais sobre o assunto, esse artigo é pra você!

Bianca Oliveira

Nutricionista Clínica

06/09/2023

- Redes Sociais

- Contato

Email: nutribiancasilo@gmail.com

Celular: (91) 98463-5967

Instagram: @nutribianca.silo

- Info

Bianca Oliveria da Silva

Nutricionista Clínica da Mulher

CRN7 13537/P

- Links

Termos e CondiçõesPoliticas de PrivacidadesFacilidades de Pagamento

- Localidade

Av. Augusto Montenegro - Parque Verde, Belém - PA, 66635-070

Desenvolvido pelo Eng. Comp Alessandro Santos

Copyright © Nutri Bianca 2025.