NOVA CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE
- O QUE É A OBESIDADE
- POR QUE É DIFÍCIL MANTER O PESO PERDIDO?
- QUAL É O OBJETIVO DA NOVA CLASSIFICAÇÃO?
- CONTROLE A PARTIR DA TRAJETÓRIA DE PERDA DE PESO
- COMO A CLASSIFICAÇÃO É FEITA
- PODE SER USADA COM TODOS?
- OBSERVAÇÕES
- REFERÊNCIAS
Fonte: google imagem.
A obesidade é uma doença crônica, e como qualquer outra do tipo, não tem cura, mas sim, controle. Ela pode ter várias causas envolvidas no seu surgimento (genética, período intrauterino, hábitos alimentares, sedentarismo, ambiente), e é progressiva, isso significa que caso não seja tratada ela pode se agravar e ser fator de risco para outras condições crônicas como diabetes, hipertensão, câncer, entre outros. Além disso, ela tem caráter recidivo, dessa forma, o peso perdido pode ser recuperado caso não tenha o devido tratamento. E afeta pessoas de todas as idades.
Fonte: ABESO, 2023.
As últimas estatisticas nos mostram que 1 a cada 4 brasileiros tem obesidade (BRASIL, 2019). Isso é preocupante, pois como vimos, a obesidade pode ser causadora de outras doenças e aumentar o risco de morbimortalidade delas. Entre o público atingido, 30,2% deles são mulheres, e de acordo com o relatório do VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) de 2023, essa frequência diminui quanto maior é o nível de escolaridade, podendo significar que, quanto mais informações possuimos sobre o assunto, maior é a possibilidade de evitar e controlar.
POR QUE É DIFÍCIL MANTER O PESO PERDIDO?
Como vimos, a obesidade é uma doença que pode ter recidiva. Ou seja, todo peso perdido pode ser recuperado, mesmo depois de muito tempo com mudanças de hábitos e estilo de vida. Esse evento ocorre pois, segundo especialistas, o organismo tende a retornar ao maior peso já atingido, uma vez que seria o chamado "set point" ou ponto de ajuste metabólico. Dessa maneira, quando se tem a perda de peso, o corpo não se ajusta a ela, sendo necessário voltar para o peso anterior. Por isso é comum ter mais apetite e desejos alimentares durante o processo de emagrecimento.
Fonte: ABESO, 2023.
O hipotálamo, que é uma região no cérebro, é responsável por liberar neurotrasmissores que atuam no controle do apetite e saciedade. Ele entende que o peso do paciente obeso é o peso que precisa continuar sendo mantido. Com isso, quando temos a perda de peso, o hipotálamo começa a liberar sinais de fome e diminui a saciedade, com o objetivo de retornar ao seu peso de ajuste. Para cada 1kg de peso perdido, a fome aumenta em 100kcal e o gasto energético cai para 30kcal. São por esses fatores que frequentemente há o reganho de peso, ou também conhecido como efeito sanfona. E mesmo após de anos de mudanças no estilo de vida, ainda não temos evidências de que o organismo se adápte ao novo peso.
ENTÃO, QUAL É O OBJETIVO DESSA NOVA CLASSIFICAÇÃO?
O objetivo dessa nova classificação é de complementar as demais. Atualmente, a obesidade é classificada a partir do índice de Massa Corporal -IMC, ele nos diz qual é a proporção de massa total para a altura. Com isso, o IMC possui suas limitações, já que ele não é capaz de nos dizer quanto temos de cada fração da composição corporal. Desta maneira, um atleta com elevado percentual de massa magra pode ter o mesmo IMC de uma pessoa com obesidade mórbida.
Fonte: ABESO, 2023.
Por causa dessa imprecisão, outras fórmulas já foram incrementadas, como a própria circunferência da cintura e abdômen. Mas nenhuma, até então, havia sugerido a trajetória do peso como parâmetro de controle.
E COMO SE FAZ O CONTROLE DA OBESIDADE A PARTIR DA TRAJETÓRIA DE PERDA DE PESO?
Perdas de peso mais modestas entorno de 5% do peso atual, já trazem benefícios clínicos, como a diminuição do risco cardiovascular e resistência a insulina, por exemplo. E são justamente as perdas mais fáceis de manter, já que os sinais de fome serão menores. Em contrapartida, singelas perdas não são comemoradas pelas(os) pacientes, o que provoca frustração, e muitas das vezes, desistência do tratamento.
Fonte: ABESO, 2023.
COMO É FEITA ESSA CLASSIFICAÇÃO?
É feita a partir da trajetória de perda de peso da(o) paciente e vai depender do percentual de peso perdido.
PARA IMC ENTRE 30 E 40 Kg/m2
- Perdas entre 5 e 10% do maior peso atingido: obesidade reduzida
- Perdas maiores que 10%: obesidade controlada
PARA IMC ENTRE 40 E 50 Kg/m2
- Perdas entre 10 e 15% do maior peso atingido: obesidade reduzida
- Perdas maiores que 15%: obesidade controlada
Observação: o percentual de perda será calculado sempre comparado ao maior peso atingido.
SE EU PERDI 50kg E SAÍ DO IMC DE OBESIDADE, COMO FICA A CLASSIFICAÇÃO?
De acordo com classificação. Se uma(o) paciente de 170cm de altura perde 50kg dos 140kg anteriores, ela perdeu 35% do peso. O primeiro passo é cálcular o IMC do maior peso dela(o), que seria de 48,4Kg/m2- obesidade grau 3. A segunda etapa é classificar de acordo com o percentual de perda para pessoas com IMC entre 40 e 50, como a perda foi maior que 15%, a obesidade da paciente está CONTROLADA. Ela continuará sendo uma paciente com Obesidade grau 3, só que, Controlada.
A justificativa para não utilizar o IMC como único classificador, além das mencionadas anteriormente, é a de que a obesidade é uma doença crônica com recidiva, e lidar com a entrada e saída do IMC de obesidade, pode causar frustações e danos psicológicos aos pacientes.
Fonte: ABESO, 2023.
ESSA CLASSIFICAÇÃO PODE SER USADA COM TODOS?
NÃO, ela é recomendada apenas para aplicação em adultos e precisa de cautela para ser utilizada com idosos, já que nessa faixa etária a perda de peso pode acarretar perda de massa muscular. Também não é indicada para controle do peso ganho durante a gestação, nem entre o público infantil, sobretudo em pacientes bariátricos.
Quando a(o) pacientes está mais próximo do seu maior peso já atingido, a resposta ao tratamento tende ser maior. Por outro lado, quanto mais longe a(o) pacientes estiver, menor serão os resultados.
Me diz, o que você achou dessa proposta de classificação?
HALPERN, Bruno; MANCINI, Marcio C.; MELO, Maria Edna de; LAMOUNIER, Rodrigo N.; MOREIRA, Rodrigo O.; CARRA, Mario K.; CERCATO, Cintia; BOGUSZEWSKI, Cesar Luiz. The new obesity classification based on weight history is not proposed as a guideline. Arch. Endocrinol. Metab., v. 66, n. 6, p. 936-937, Nov. 2022.
VIGITEL BRASIL 2023: surveillance of risk and protective factors for chronic diseases by telephone survey: estimates of frequency and sociodemographic distribution of risk and protective factors for chronic diseases in the capitals of the 26 Brazilian states and the Federal District in 2023.